Bolo Floresta Negra
Estandarte da doçaria popular alemã, o bolo Floresta Negra seduz no mundo inteiro os gulosos de todas as idades. É uma das atrações que os enfeitiça nas vitrines das confeitarias, na mesa dos aniversários ou na recepção das velhas tias aos sobrinhos em férias na terra natal. Poucos resistem a seu apelo gustativo, apesar do elevado teor calórico e do fato de colidir com a dieta moderna, mais empenhada em proporcionar uma silhueta delgada do que nos afagos do prazer à mesa. Em alemão, o bolo se chama Schwarzw?lder kirschtorte. Schwarz significa negra; w?lder, floresta; kirschtorte se refere ao fato de ser uma ''''torte'''' (bolo, em alemão) umedecida com kirsch (o brandy de cerejas, forte e seco, feito na região onde a Alemanha, Suíça e França se encontram). Tradicionalmente, o Floresta Negra leva manteiga, açúcar, farinha de trigo, chocolate e fermento; no recheio e finalização, entram chantilly, cereja (no passado era ginja, frutinha de tamanho menor, de um vermelho mais escuro e sabor agridoce) e raspas de chocolate. Uma das versões para a origem do bolo afirma que ele foi inventado em 1915, na localidade de Bad Godesberg, hoje distrito de Bonn, pelo pâtissier Josef Keller, do Café Anger. Outras confeitarias da área preparavam receitas assemelhadas, mas a dele seria a original. Keller transmitiu a fórmula ao aprendiz August Sh?fer e este ao filho Claus. Ali um pâtissier inglês a teria aprendido, levando-a para Londres, onde ingressou em triunfo no cardápio dos restaurantes e iniciou a carreira internacional.
O bolo homenageia a Floresta Negra (Schwarzwald), esplêndida cadeia de montanhas do sudoeste da Alemanha, no Estado federal (Land) de Baden-Württemberg, repleta de árvores, vales, lagos e riscada por aprazíveis trilhas. Situa-se na fronteira com a Suíça e a França e possui 158 quilômetros de extensão por 30 a 60 quilômetros de largura, com a maioria das elevações medindo em torno de 700 e 1.000 metros - a mais alta é o Monte Feldberg, de 1.493 metros. Mereceu o nome porque abriga carvalhos, faias e abetos de troncos, galhos e folhas em tons escuros. Ao mesmo tempo, a luz do dia atravessa com dificuldade os locais de vegetação mais espessa. No bolo, o chocolate simboliza a escuridão natural e suas lascas na cobertura representam as cascas das árvores. Além da beleza natural, existem na Floresta Negra encantadores castelos e cidadezinhas com chalés de telhados triangulares que parecem de brinquedo. A capital do Estado é a compreensivelmente orgulhosa Stuttgart, importante cidade universitária e industrial, berço das marcas Mercedes-Benz e Porsche. Outros centros urbanos são Baden-Baden, onde há séculos os adeptos das águas termais buscam rejuvenescimento ou cura de doenças; a culta e romântica Heidelberg, celebrada na opereta O Príncipe Estudante, de Franz Lehár; e a pacata Triberg, aqui evocada por sediar o Café Sh?fer, em cujas portas uma enorme clientela forma fila para saborear o famoso bolo. Quanto à Floresta Negra propriamente dita, cenário dos contos dos Irmãos Grimm (Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, etc.), que embalaram nossas infâncias, tem como capital a Freiburg, modelo de defesa do meio ambiente, detentora da mais antiga hospedaria e taberna da Alemanha, aberta desde 1311, o Urso Vermelho (Zum Roten B?ren), agora um moderno hotel com excelente restaurante.
Os alemães preparam outros bolos apetitosos, com ou sem chocolate, quase sempre à base de manteiga e chantilly. Alguns são verdadeiras obras de arte, pois a fantasia de seus confeiteiros desconhece limites. Mesmo os que incorporam frutas e teoricamente seriam ''''mais leves'''', terminam servidos com uma porção de creme de leite batido ou chantilly. Curiosamente, os alemães gostam de papear com os amigos apreciando um pedaço de bolo e tomando uma xícara de café - e nem sempre beliscando pitéus salgados e bebendo cerveja, como os brasileiros. Isso pode acontecer na confeitaria ou em casa. A tradição tem até nome: conversa de café (Kaffeeklatsch). Muitas confeitarias permanecem familiares e funcionam inclusive no final de semana. Vendem bolos em fatias e o preço de cada porção é de cerca de 2. Entre essas delícias, é óbvio, encontra-se o Floresta Negra.
UM ÍCONE ALEMÃO
Floresta negra
12 porções
3 horas
Ingredientes Massa
100g de manteiga em temperatura ambiente; 100g de açúcar; 4 gemas; 4 claras; 180g de farinha de trigo peneirada; 90g de chocolate em pó peneirado; 1 col. (sopa) de fermento em pó; manteiga para untar e farinha de trigo para polvilhar
Recheio
100ml de kirsch (brandy decereja)
1 xícara (chá) de cerejas grosseiramente picadas
500g de chantilly
300g de lascas de chocolate (se preferir, compre-as prontas)
Cerejas e açúcar de confeiteiro para decorar
Preparo
Massa
Na batedeira, bata a manteiga com o açúcar, numa mistura cremosa. Junte as gemas uma a uma, sempre batendo, para obter um creme fofo. Sem parar de bater, incorpore a farinha de trigo e o chocolate em pó. Bata as claras em neve até obter picos firmes e misture-as à massa, cuidadosamente. No final, misture o fermento. Disponha a massa em uma fôrma de 25cm de diâmetro, bem untada com manteiga e enfarinhada. Asse em forno moderado (180ºC), preaquecido, por aproximadamente 40 a 50 minutos. Desenforme frio.
Recheio e finalização
Corte o bolo ao meio, horizontalmente, obtendo duas camadas. Umedeça uma das camadas com o kirsch e cubra com parte das cerejas picadas, do chantilly e das lascas de chocolate (recheio). Coloque em cima a segunda camada e cubra a lateral e a parte superior do bolo com o chantilly e as lascas de chocolate que sobraram. Sirva decorado com as cerejas e o açúcar de confeiteiro.
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